Eu tô na maior vontade de enviar um email para as autoras desse livro e dizer: olhem aki, kiridinhas, como vocês ousam?????
Never Never é uma trilogia escrita por Colleen Hoover (preciso dizer mais alguma coisa?) e Tarryn Fisher. Apenas dois dos três livros foram publicados mas adivinhem... eu não sabia. Então, achando que eram apenas dois livros, eu devorei ambos em uma noite. Quando fui lendo a parte dois, engolindo palavra por palavra, as páginas foram acabando e o mistério nada de ser resolvido quando eis que me surge reticências ao invés de um ponto final e a amada palavra: CONTINUA. Vocês não imaginam o quanto eu fiquei pilhada em saber que tinha feito a burrice de não conferir se o segundo era realmente o fim da série. Não faça isso em casa. Esse livro só pode ser lido se você tiver em mãos os outros dois. É altamente recomendado que você embarque na leitura sabendo dos perigos.
Quando Charlie leva um choque de realidade, como se estivesse acabado de acordar de um sonho vazio e escuro, ela repara que está em um lugar que não reconhece e não sabe nem sequer seu próprio nome. Aos poucos, coleta as informações ao seu redor: ela está numa sala de aula. O mesmo acontece com Silas a alguns metros de distância. E com o passar das páginas, reparamos que estamos tão esquecidos quanto os personagens. Seus passados são tão misteriosos para nós quanto para eles. Descobrimos junto com Charlie e Silas que eles são namorados há longos quatro anos, melhores amigos por uma vida inteira e que algo está errado mas ninguém faz ideia do que.
Charlie e Silas, mesmo sabendo que existe um abismo entre eles, se juntam em busca de respostas. Juntos, descobrem um pouco sobre suas famílias, sobre seus costumes e sobre o relacionamento entre eles. O casal está marcado um no outro de forma que nada no mundo seria capaz de apagar e retirar um de dentro do outro. É uma relação muito íntima mas ainda assim desconhecida por esse novo Silas e essa nova Charlie.
Never Never é um livro curto, com uma pegada bem thriller num livro que deveria inocentemente ser apenas YA e envolver um pouco de mistério, e a cada página minha angustia só aumentava. Era claro que havia algo de errado com os personagens e isso não era só apenas sobre a perca de memória repentina e coincidentemente apenas com os dois. Não sabemos quem é Charlie nem Silas. Aos poucos, conhecemos quem eles estão sendo, quem estão se tornando e quem eles foram.
Me faltam palavras para descrever minha sensação ao ler esse livro, juro juradinho. É como se eu estivesse tão sem informações quanto eles. Me identifiquei muito com a Charlie e com o Silas. A forma como eles pensam, agem, se encontram e se descobrem. É interessante o modo como as autoras escrevem esse livro porque elas sabem de tudo e só nos jogam migalhas de respostas durante toda a história.
A narração é intercalada entre os POVs de Charlie e Silas e eles são bizarramente humanos e reais. E a escrita é envolvente, inebriante, cada palavra é importante e nenhum detalhe é atoa. Aos poucos, percebemos que pequenas ações, diálogos e coisas são passadas despercebidas e eram realmente relevantes para a história. A forma como me envolvi com os personagens... impressionante. Colleen Hoover tem esse dom de tocar e surpreender, mas dessa vez ela foi mais longe ao lado de Tarryn Fisher. Me senti parte de Charlie e Silas. Suas dúvidas foram também as minhas dúvidas. Seus medos foram também os meus medos. Suas descobertas também foram minhas descobertas.
Recomendo demais esse livro se você quer se sentir cego, despreparado e impotente ao ler uma história. Foi a primeira vez que me senti assim num livro e recomendo que você sinta também. No final desse livro, parece que eu sabia menos naquele momento do que quando tinha começado a leitura. Sério, tô impressionada com a capacidade das autoras.
E fica aqui minha indignação: olhem aki, kiridinhas, como vcs ousam?????????